terça-feira, 18 de maio de 2010

ONDE ANDA, gentileza, respeito, educação, bons modos?

17/05/2010 - Dê a preferência


Friedmann Wendpap



A bordo de um ônibus com aparência suja, vidros e assentos riscados, jovens permanecem sentados enquanto o casal de velhinhos tem dificuldade para se segurar nos canos do teto; um homem menos velho se levanta, oferece o assento. Em pé, absorto enquanto o veículo sacoleja rumo ao centro da cidade, passa os olhos por todo aquele cenário feio, deprimente, e vê a placa sinalizadora da preferência dos idosos para se sentar. A memória, tempo paralisado, vai trazendo lembranças da linha do Sacre Couer, do Hugo Lange e o gesto de mais de uma pessoa, simultaneamente, oferecendo lugar para o velho que estava em pé. Não havia plaquinha com bancos reservados e recomendação para agir de modo educado. Havia educação, não placas.



A impressão que invade o pensamento é de relação inversamente proporcional: menos educação individual, mais educação social. Os pés sentem as saliências da cerâmica destinada a guiar cegos na Rua XV; ouve-se o sinal sonoro que acompanha as luzes do semáforo de pedestres; a rampa para cadeira de rodas facilita a movimentação nas esquinas; a linguagem brasileira de sinais acompanha a propaganda dos partidos políticos. Marcos civilizatórios que distinguem sociedades brutas das refinadas? Sim, mas algo ficou diferente. Quando não havia nenhuma dessas facilidades, quando não havia ônibus com plataforma para as cadeiras, existia algo imaterial, uma convicção sobre a importância da gentileza, do respeito a quem se encontrava em situação frágil.



A brutalidade, tônica da natureza humana, é fator constante na equação; variável, o modo como se educam as pessoas para lidar com a própria animalidade. A pretensa educação libertária funciona como alvará de soltura para o egoísmo mais bestial. O respeito aos mais velhos era a linha condutora da hierarquia na família. A prática diária, em milhares de casas, de ceder lugar para a avó se sentar, de lhe oferecer a melhor porção de bolo, a parte tostada da casca do pão caseiro, repercutia nas relações extralares; hábitos que integravam o repertório de condutas consideradas adequadas para a boa convivência das pessoas e não dependiam de placas nos ônibus, filas de banco, casas lotéricas, restaurantes no dias das mães. Agir de modo respeitoso com as pessoas frágeis faz o ambiente emocional ficar positivo. A gentileza, ainda que desprovida de intensa reflexão moral, funciona como redutora do atrito nas relações subjetivas.



A linha de educação que parece ter prevalecido deixou muitos jovens com postura abrasiva nos relacionamentos. Ao tocar nos outros, agem como lixas ásperas que machucam; não são polidos; onde passam, geram atritos. Isso não é “atitude”, é grosseria, rudeza. Leszek Kotakowski, ao falar sobre as virtudes, diz que são pouco úteis os manuais de instrução sobre condutas virtuosas nas comunidades onde elas não são praticadas. Aprendem-se virtudes quando se está imerso em ambiente que as pratica e valoriza. Metaforicamente, não se aprende a nadar fora d’água, lendo instruções em placas.



Os manuais de instrução do politicamente correto não entram na mente das pessoas. Para que haja apreensão de condutas virtuosas é preciso substrato afetivo e o Estado, o poder público, por mais atenção que dê às crianças em creches, escolas, educandários, não dá amor. O Estado se expressa por seus funcionários; ao fim do expediente eles vão para casa, ao encontro do seu lócus de aconchego, de afetividade. Mães, pais, avós, tios, irmãos, primos, famílias adotivas, não têm horário para a jornada de trabalho de transmissão de valores virtuosos aos jovens. O Estado instrui, a família educa.



A modernidade tem desprezado a relevância da vida familiar como via para a entrega de padrões morais de uma geração a outra. Por força disso, aqueles jovens viçosos que deixaram os velhos em pé pareciam estar no começo da civilização, com carência de noção sobre a necessidade de deferência à dignidade dos outros.



Correio Velho; tenho de descer das nuvens e do ônibus.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pedalar em Curitiba


Amsterdam







Curitiba (por bicicletada)









Não faz muito tempo foi publicado na Internet uma pesquisa de uma revista digital americana posicionando a cidade de Curitiba como a quarta melhor do mundo para se pedalar, a frente até de várias cidades européias.

Isto é a tradução da justificativa para tal feito, comentada pela Revista Galileu:



“4. Curitiba, Brasil

Nós também entramos na lista. Conhecida pelo bom planejamento urbano, Curitiba também estimula o uso de bicicletas como transporte há mais de 40 anos. Tanto que a presença de ciclovias na cidade é claramente vista. Além da infraestrutura, existe uma comunidade ativista pró-bicicleta bem atuante, com o intuito de promover o uso da bike como alternativa ao congestionamento de carros.”

Sou curitibano nato, me orgulho de minha cidade e gosto quando esta é citada como um bom exemplo de planejamento urbano e qualidade de vida. Mas desta vez exageraram. Acreditaram no que alguém, talvez com outros interesses, contou sobre nossa situação. Qualquer pesquisa mais aprofundada iria levantar que a situação não é bem assim. Está claro que não houve um trabalho mais apurado no levantamento de informações, perceba que no site original, para cada cidade citada no ranking, postaram uma foto com bicicletas, exceto para Curitiba.

Se procurassem, os editores do site americano poderiam achar esta imagem da última ciclovia construida em Curitiba :

Vejam que belo “exemplo” de funcionalidade! Dá para comparar com o que foi feito em Sorocaba, na foto ao lado ?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Religião e a saúde

Crenças podem influenciar nas doenças cardíacas


Redação

Estudos epidemiológicos revelam que a relação entre a religiosidade e os pacientes cardiológicos resulta em menor incidência do nível da pressão arterial, de depressão, de mortalidade e de menores complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca.



Um dos estudos internacionais, apresentado no Congresso da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, avaliou 6.545 adultos norte-americanos por 31 anos.



Após controlarem as variáveis demográficas, sociais, físicas e comportamentos em relação à saúde, a frequência religiosa, por pelo menos uma vez por semana, foi protetora para mortalidade cardiovascular.



Outro estudo, da Universidade de Duke nos Estados Unidos, avaliou 3.963 idosos.



Os participantes que frequentavam serviços religiosos, rezavam ou liam literatura religiosa com frequência, tinham chance 40% menor de sofrer de hipertensão.



Aspectos positivos e negativos da religiosidade do paciente devem ser avaliados para que seja realizada uma abordagem mais integrativa da Medicina. "Conhecer como o paciente lida com sua condição, como suas crenças podem influenciar em seu tratamento e como isso afeta suas decisões, podem influenciar no tratamento e nos próprios desfechos cardiovasculares", conclui o cardiologista Álvaro Avezum.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

trânsito, bicicletas...

Tentativa de monopólioReproduzindo a serena mas assertiva abordagem dos Rasputines :




O jogo de soma zero: o monopólio radical dos transportes.



“- a organização mundial de saúde, o banco mundial (bird) e a escola de saúde pública de harvard afirmaram que no ano de 2020 os acidentes de carro serão a terceira maior cause de mortes e ferimentos em todo o planeta, perdendo apenas para as isquemias do coração e a depressão.”



“- as principais causas de morte entre jovens europeus entre 15 e 24 anos são, por ordem, os acidentes de carro, suicídios e câncer, de acordo com o escritório estatistíco da união européia (eurostat).”



[...]



“assim como os veículos ocupam o espaço e reduzem os lugares onde as pessoas podem parar ou viver, ocupam igualmente mais horas a cada ano, além de imporem seu ritmo ao projeto de cada dia.



o tranporte é principalmente um produto da indústria , o trânsito não é, nem pode sê-lo. quem transita é dono do seu próprio ato. quem usa transporte é passageiro ou usuário, ou seja, cliente de uma indústria. o transporte utilizado é um bem com valor de troca, sujeito à escassez. submete-se ao jogo do mercado, organizado como um “jogo de soma zero”, de tal maneira que, se alguns ganham, os outros perdem.”



Texto retirado do livro apocalipse motorizado – a tirania do automóvel em um planeta poluído”. Ned Ludd (org.)



> sem mortos e um pouco feridos, continuaremos a bicicletar por aí!



depois, é claro, de levar as bicicleas para o concerto – doações para: 8898 *#%&&5 brincadeira!



> fotos: flickr.com/rasputines



> download do livro “apocalipse motorizado” AQUI













Espera-se que o motorista responsável assuma o ressarcimento dos prejuízos!



Pode-se ver que o amasso foi pela roda traseira, em duas bicicletas, covardia em dobro!



Tem sempre algum motorista querendo manter o monopólio das ruas …



E vamos bicicletar que a rua é de todos!



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Publicado em Sociedade do automóvel, notícias

Publicado por: Gunnar
3 Maio, 2010 Polícia de Nova IorqueCuritiba pode ter todas as condições adversas possíveis para o uso da bicicleta, mas pelo jeito, está melhor do que Nova Iorque:







Dúzias de bikes tiveram as travas destrúidas pelos policiais e foram confiscadas. Tudo isso sem aviso prévio ou qualquer instrução de como os ciclistas poderiam recuperar seus veículos. Pra completar a ironia, a ação ocorreu em pleno Dia da Terra (22 de abril)!



Vale lembrar que antes disso o senhor Obama já tinha mandado fazer a mesma coisa na Motorcade Route.



Esse é o tão prometido “change” de mr Barack Hussein…



Via Prolly.



Motorcade Route4 Comentários



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Tags:NYPD, Obama, polícia